70x7 - A Equação do Perdão

07/06/2021

João Wesley dizia àqueles que lhe pediam uma forma de alcançar a santificação, que eles deviam escrever uma lista com nomes de pessoas que lhe ofenderam e orar por elas todos os dias até sentir amor por essas vidas, mesmo que não fossem merecedoras de nada. (Mt 18:21-22).

Introdução

Perdoar não é tão fácil, principalmente quando nos sentimos cobertos de razão. Como podemos superar a mágoa e oferecer perdão, mesmo quando a outra pessoa não merece?

Às vezes o nosso conceito de perdão é distorcido porque envolve somente o aspecto sentimentalista e a nossa forma de julgamento. A diferença na Bíblia é que perdão não é um sentimento. O perdão é fundamentalmente uma ordem de Deus, um mandamento para todo cristão.

João Wesley dizia àqueles que lhe pediam uma forma de alcançar a santificação, que eles deviam escrever uma lista com nomes de pessoas que lhe ofenderam e orar por elas todos os dias até sentir amor por essas vidas, mesmo que não fossem merecedoras de nada.

Mesmo que o crente não sinta vontade de perdoar, ainda é preciso perdoar para que o coração seja livre do pecado diante de Deus.

Devemos perdoar antes de tudo: Mateus 5.23,24

O perdão deve vir primeiro. O perdão é uma prioridade na vida cristã, a fim de alcançarmos paz diante de Deus e do próximo.

E como fazer? Primeiro é preciso perdoar em oração diante de Deus. Mesmo que você esteja certo e injustiçado, é necessário deixar o sentimento de justiça própria e de julgamento do ofensor, liberar perdão e permitir que Deus trate devidamente essa causa.

A mão dupla do perdão: Mateus 6.12-15

Jesus disse que se não perdoarmos os nossos devedores também não receberemos o perdão de Deus. A oração do Pai Nosso que o SENHOR nos ensinou aborda esse assunto. Se não liberarmos perdão, a nossa oração terá um sentido reverso como se disséssemos ao Pai Celeste para não perdoar os nossos pecados "assim como não perdoamos os nossos devedores". Nesse contexto o perdão divino está condicionado à obediência em perdoar: Se recusarmos perdoar estaremos recusando receber o perdão de Deus.

O que é mais difícil: pedir perdão ou perdoar?

Para aquele que ainda não experimentou o perdão de Deus e continua vivendo com profunda dívida de pecados diante do Criador, pedir ou liberar perdão faz parte do mesmo pacote de dificuldade, de modo que as duas situações são muito difíceis de serem praticadas. Jesus, porém, trouxe um ensinamento poderoso aos seus discípulos, aqueles que já haviam experimentado o perdão de Deus.

Quantas vezes se deve perdoar? Mateus 18.21, 22 e 35

"Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: 'Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?' Então Jesus respondeu: 'Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete'" Mateus 18:21,22

70 vezes 7 totaliza 490! Você já imaginou fazer o registro de quantas vezes uma pessoa lhe ofendeu? De igual forma já pensou em registrar todas as vezes que você perdoou essa pessoa? Você provavelmente iria perder a conta antes de chegar a 70 vezes (quanto mais 490...).

Jesus lançou a equação do perdão usando a mística do povo com o número sete (simbolizando a perfeição) e multiplicando por setenta (o número de uma geração). Jesus disse isso para nos mostrar que devemos perdoar sempre, a vida toda.

Pedro achou que havia limites para perdoar o próximo, mas Jesus respondeu que não, que o perdão vem de um amor infinito que é o "Amor de Deus", e aquele que possui esse amor deve perdoar 70×7 qualquer ofensor.

O perdão de Deus é o que nos motiva perdoar

Na Parábola do Credor Incompassivo (Mateus 18: 21-35), também conhecida como Parábola do Servo Ingrato, Jesus nos conta exatamente uma história sobre a capacidade de perdoar.

Depois de dizer que devemos perdoar 70x7 vezes, Jesus contou uma parábola sobre um homem que devia muito dinheiro ao seu patrão. Ele devia tanto que nunca poderia pagar a dívida, nem se tivesse várias vidas! Aquele miserável devedor implorou por misericórdia e seu patrão perdoou a dívida, dispensou qualquer pagamento. Aquele homem foi agraciado com o perdão da dívida, agora estava totalmente livre de qualquer cobrança.

Demonstrando desprendimento, compaixão e nobreza por seu próximo, o patrão perdoa a dívida de seu servo. Ele não lhe pede para que pague uma parte. Ele não lhe pede para que retribua em mais trabalho. Ele não solicita o pagamento em bens materiais. O patrão simplesmente perdoa a dívida. Pense na grandeza desta ação. No efeito que ela tem sobre a vida do servo. Na sua capacidade de libertação. Mas a parábola não termina aí. É agora que veremos o real ensinamento por trás dessa passagem bíblica.

Logo em seguida ao ser liberado de sua dívida, o servo perdoado encontrou alguém que lhe devia certo valor. Qual você acha que foi a atitude dele, perdoado de suas obrigações financeiras com seu chefe, perdoado de sua dívida e agora desfrutando do sentimento de leveza na alma? Certamente é de se imaginar que esse servo reproduzisse a mesma ação com o seu próximo e perdoasse o devedor.

Mas não foi isso o que aconteceu. Ele exigiu o dinheiro e não teve compaixão quando o devedor lhe implorou por misericórdia. Ao contrário, ele lançou o devedor na prisão até pagar a dívida. Acontece que o patrão soube o que aconteceu e ficou muito zangado, porque seu servo não tinha aprendido nada ao ser perdoado. Por isso ele chamou de volta o servo e o entregou para ser castigado até pagar sua dívida.

Esta parábola deve nos fazer refletir sobre como é libertador ser perdoado e como, em contrapartida, devemos ser igualmente capazes de nos compadecer de nossos ofensores e conceder-lhes também o perdão.

Todos nós humanos somos como aquele servo que tinha uma dívida impossível de pagar ao seu senhor. Mas, quando recebemos Jesus como nosso salvador, Deus perdoa todos os nossos pecados, todas as nossas dívidas com Deus! Ele nos perdoa porque nos ama. Se os nossos pecados foram todos perdoados, como podemos recusar perdoar quem peca contra nós?

Se não perdoamos, mostramos que não entendemos o perdão de Deus. Se recusarmos liberar perdão a quem nos ofendeu, não podemos ser chamados de cristãos.

Sabemos que, dependendo do agravo, perdoar não é fácil. Mágoa e outros sentimentos ruins nem sempre desaparecem de uma hora para outra. Precisamos da ajuda de Jesus. Tudo começa quando estamos dispostos a perdoar. E o perdão de Deus é nossa grande motivação para perdoar os nossos ofensores.

Devemos perdoar aos ofensores e devedores por que:

-somos igualmente carentes do perdão de Deus e do nosso próximo;

-as ofensas maltratam, mas são úteis para moldar o nosso caráter, por isso devemos ter maturidade para entender as dificuldades nos relacionamentos;

-precisamos ser mais espirituais, não guardando mágoas de pessoas amadas por Deus;

-temos que discernir as armadilhas do diabo contra a nossa comunhão com os irmãos.

João 20.22,23

O Espírito Santo nos dá autoridade para perdoar pecados!

Como representantes de Cristo temos o direito de perdoar os nossos devedores, assim como Jesus nos perdoou.

O perdão é uma chave espiritual que liberta as algemas do ressentimento e das mágoas que acorrentam vidas.

Conclusão

70X7 - Só os que foram perdoados por Deus entendem essa equação. Agora que você compreende esse texto poderoso, ponha em pratica. Perdoar é o método de Deus para retirar ressentimentos e mágoas do coração e conferir leveza na alma. Não deixe o orgulho vencer, seja humilde e perdoe seu próximo sempre. Isso reflete a capacidade que você tem de reconhecer o perdão de Deus e de ver a si mesmo no outro.

Lembre-se: o primeiro passo para perdoar é lembrar-se de nossa dívida e de quanto Deus nos perdoou. Faça ao outro o que Deus fez por você.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!.