O Agir de Deus

04/10/2021

O AGIR DE DEUS NA PROSSECUÇÃO DE SEUS PROPÓSITOS

Eu sou Deus; também de hoje em diante, eu o sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá? Isaías 43:13

Existe uma cosmovisão cristã. Ela moldará o pensamento do cristão sobre todas as coisas que o cercam. A forma como você conhece a Deus afeta a forma como você enxerga o mundo porque Deus é Senhor sobre todas as coisas.


Uma análise cuidadosa das Escrituras Sagradas é capaz de nos levar ao entendimento de que a vida humana é um complexo espiritual e físico, onde coexistem determinismos, predisposições, heranças, propostas, oportunidades, influências, desafios, eventualidades, aleatoriedades, imprevisibilidades, meio e outras conexões criadas e gerenciadas pela soberania divina e, no conselho de Sua vontade, agregadas à responsabilidade humana, no todo ou em parte. Eclesiastes 9:11.

Embora não consigamos explicar como esses fatores podem coexistir harmoniosamente, da eternidade ao tempo e do espiritual ao físico, cremos que existe uma sábia conciliação de todos eles diante da onipotência do Eterno Deus.

Sabemos biblicamente que Deus está no comando de tudo e que Ele age de vários modos na realização dos Seus desígnios. Na Sua sabedoria infinita, o ETERNO dispõe de várias ordens de fatores para realizar a Sua vontade para o rumo da História, utilizando a criação, os seus anjos e os homens, através da Providência e dos dons e graças que dá a eles; eles, então, concretizam a Divina Vontade na história da humanidade.

Uma visão completa das Escrituras nos permite discernir pelo menos seis modalidades usadas por Deus na prossecução de seus atos.

  • Deus age por atos soberanos de Sua vontade;
  • Deus age por leis de Sua criação;
  • Deus age pela instrumentalidade dos anjos;
  • Deus age em cooperação com o homem;
  • Deus age por atos responsivos de nossas orações;
  • Deus age por atos retributivos de nossas ações.

I - Deus Age por Atos Soberanos de Sua Vontade

Deus é Soberano e Onipotente, Ele rege tudo e tem todo o poder. Toda a Bíblia apresenta esta realidade incontestável, vejamos: Dt 4.39 mostra-nos que não há outro Deus, 1 Cr 29.12 assevera o poder absoluto do Senhor, Jó 9.12 diz que ninguém o pode impedir, Sl 29.10 diz que o Senhor presidirá para sempre; essas mesmas verdades são apresentadas em muitos outros textos, vamos relacionar somente alguns deles para a sua meditação (Dn 2.20; Mt 6.13; At 17.24; Rm 9.19; Ap 1.8 e Ap 19.6).

Deus governa o universo inteiro e toda a história.

  • Eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim - Isaías 46.9.
  • E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados - Mateus 10:30.

Deus é singular entre todos os seres do universo. Ninguém é como o Altíssimo.

  • Vós sois as minhas testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá - Isaías 43:10.

Deus tem a autoridade, a liberdade, a sabedoria e o poder legítimos para cumprir o Seu propósito. Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas (Is 46:10). Desde os germes invisíveis na terra até as estrelas nas galáxias, Deus governa o universo.

  • "Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará". Isaías 40.26.

A soberania de Deus significa sua completa liberdade e autoridade/direito para agir da maneira que desejar. Deus tem a liberdade e a autoridade/direito para exercer ou não o controle meticuloso sobre cada detalhe.

Quando Deus decide não fazer nada em um determinado cenário, essa decisão é um exercício de sua soberania ao invés da abdicação dela - James Patrick Holding. ¹

¹ James Patrick Holding - teólogo e apologista cristão.

Se Deus decide criar pessoas livres e realizar os seus propósitos através de escolhas indeterminadas delas, é o Seu direito soberano de fazer isso.

Se Deus escolhe ter menos controle, menos controle não é o mesmo que menos soberania. A decisão de ter menos controle é por si só uma decisão soberana. Um Deus perfeitamente bom e sábio exercerá apenas a forma de controle apropriada para o tipo de mundo que Ele escolheu criar.

Deus é suficientemente poderoso para exercer um controle meticuloso de todas as coisas, mas Ele nem sempre exercita esse poder, porque fazer isso seria furtar suas criaturas livres e racionais, criadas a sua imagem, da realidade distintiva e da liberdade delas. Deus pode e exerce controle, mas não de forma a excluir a liberdade humana e não de tal forma a tornar Ele mesmo, Santíssimo e Perfeitíssimo, o autor do pecado e do mal.

II - Deus Age Por Leis de Sua Criação

"Todas as criaturas deste mundo tangível levam a alma do sábio e da pessoa contemplativa para o Deus eterno, uma vez que são sombras, ecos e retratos dele. [...] Elas são postas diante de nós para que possamos conhecer a Deus e, portanto, são sinais divinos que nos foram entregues. Pois cada criatura, por sua própria natureza, é um tipo de retrato dessa sabedoria eterna e um tipo de semelhança com ela" - Bonaventure (1217 - 1274)¹

¹Boaventura, O.F.M. , nascido Giovanni di Fidanza, foi um teólogo e filósofo escolástico medieval nascido na Itália em 1217. Foi cardeal-bispo de Albano, canonizado em 14 de abril de 1482 pelo papa Sisto IV e declarado Doutor da Igreja em 1588 pelo papa Sisto V.

  • Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. 1 Co 3:6.

Deus - como criador, sustentador e redentor de toda vida no universo - age em, por e através do que Ele criou. Cremos que Deus está envolvido no mundo através dos processos naturais e de suas intervenções especiais ou miraculosas.

As Escrituras não conhecem coisa alguma da criação ou da história que foge do agir de Deus. A questão não é se Deus está envolvido em todo aspecto de nossas vidas, mas como Deus está envolvido.

Uma doença, por exemplo, pode sumir de forma milagrosa ou ser conquistada através de medicações humanas; de um modo ou de outro é Deus quem cura em última análise.

Não bebas água somente, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades. 1 Tm 5:23.

Deus, no conselho de Sua vontade, estabeleceu leis e princípios para reger toda a criação e quando são violados geram consequências. Certamente o homem pode escolher viver adequadamente às leis da criação ou transgredi-las (Dt 28; Js 24.15), colhendo a devida recompensa por suas atitudes.

A criação está repleta de lições espirituais para a humanidade.

Na Terra, ressequida e maculada pela maldição, nos cardos, nos espinheiros, no joio, podemos ler a lei da condenação; mas na delicada cor e perfume das flores, podemos aprender que Deus ainda nos ama, que Sua misericórdia não está inteiramente retirada da Terra.

Deus é o Criador, o Sustentador e Revelador de todas as coisas. O ETERNO empenha-se em manter as coisas por Ele criadas. A mão que criou as montanhas e as mantém em posição, guia os mundos em sua misteriosa marcha debaixo do Sol.

Deus se revela nas obras da criação. Essa revelação geral, assim como a revelação especial, aguarda a resposta do homem:

  • "Grandes são as obras do SENHOR, consideradas por todos os que nela se comprazem. Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça permanece para sempre" (Salmos 111.2-3).
  • "Tais homens são, por isso, indesculpáveis" (Romanos 1.20).

O apóstolo Paulo disse que os pecadores não têm desculpas legítimas. Aqueles que rejeitaram a revelação geral de Deus não seriam beneficiados pela revelação especial Dele.

III - Deus Age por meio dos anjos

Os anjos foram criados antes do homem. O agir de Deus através dos anjos antes da criação Terra permanece um mistério para nós.

Embora os anjos sejam seres "mais elevados" do que nós, eles servem a Deus em suas ações para conosco. De fato, Deus nos ama tanto que Ele realmente "designa" anjos para agir em favor daqueles que vão herdar a salvação.

  • Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação? Hb 1:14.

Alguns exemplos da missão dos anjos

  • Anjos chegaram a Sodoma e advertiram Ló (Gênesis 19).
  • Um anjo parou Abraão antes que ele sacrificasse o seu filho, Isaque (Gênesis 22:12).
  • Um anjo "lutou" com Jacó (Gênesis 32).
  • Um anjo apareceu a Moisés do meio da sarça ardente (Êxodo 3: 2).
  • Um anjo "passou" o Egito, permitindo que Moisés e os judeus escapassem (Êxodo 12: 11-27).
  • Um anjo anunciou a esperança e o plano de Deus para a Virgem Maria (Lucas 1: 26-38).
  • Um anjo estava no túmulo vazio, anunciando a ressurreição de Jesus (Mateus 28: 2-7).

O ETERNO olhou para a devoção e piedade de Cornélio. Ele testemunhou suas orações e seus atos de caridade. Foi do agrado do SENHOR dar a Cornélio entendimento a respeito da missão de Cristo e uni-lo com Sua obra. O SENHOR mandou seu anjo anunciar essas coisas a Cornélio, colocando-o em contato com o apóstolo Pedro. O anjo disse:

"Ele lhe dirá o que você deve fazer". Atos 10:6.

O SENHOR enviou também um anjo a Pedro para remover suas dúvidas quanto à conduta de pregar o Evangelho aos gentios.

"Ao que Deus purificou não consideres comum/imundo".

Enquanto Pedro estava ponderando a respeito da misteriosa revelação que lhe fora dada, o Espírito lhe disse:

"Eis que três varões te buscam. Levanta-te, pois, [...] e vai com eles, não duvidando; porque Eu os enviei". Atos 10:19-20.

Certamente Deus usa os seus anjos na realização de seus propósitos.

E os anjos malignos?

Deus usa seres malignos para cumprir seus propósitos?

  • "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, YHWH, faço todas estas coisas" (Isaías 45:7).

O ETERNO não criou o mal em sua essência, mas eventualmente traz o mal conforme seus desígnios, podendo para isso usar homens e seres espirituais, como é o caso dos anjos caídos.

Deus não costuma realizar os seus propósitos usando a instrumentalidade de seres malignos, entretanto, encontramos algumas passagens nas Escrituras em que o Soberano Senhor agiu de forma indireta na prossecução de seus desígnios, permitindo a ação de Satanás em situações específicas.

  • Ao que disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo o que ele tem está no teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor. (Jó 1:12).
  • Ora, o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e o atormentava um espírito maligno da parte do Senhor. (1 Samuel 16:14).
  • Respondeu ele: Eu sairei, e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Ao que disse o Senhor: Tu o induzirás, e prevalecerás; sai, e faze assim. (1 Reis 22:22).

No texto acima Deus não está aprovando a ação de espíritos malignos. O ETERNO, no conselho de Sua soberana vontade, está simplesmente utilizando esses seres espirituais para cumprir sua justiça retributiva na terra. No caso específico de Acabe, significa que YHWH, visando os seus propósitos de justiça, permitiu que o rei fosse enganado por um espírito maligno, por meio do qual Deus trouxe juízo sobre o arrogante e idólatra rei.

É importante destacar que o agir de Satanás é limitado e que ele nunca pode ultrapassar os limites impostos por Deus na aplicação de algum "mal" aos que pertencem a Cristo. (Rm 8:28).

IV - Deus Age em Cooperação Com o Homem

Deus tudo pode. Mas o ETERNO não quer dispensar o homem. É pelo homem que Deus quer evangelizar o mundo, fazer discípulos, libertar os cativos, curar os doentes, alimentar tanta gente faminta que continua a existir nesta terra.

As Escrituras nos ensinam a cooperação entre o divino e o humano. Deus age para o homem e interage com o homem, mas não age em vez do homem naquilo que compete, única e exclusivamente, ao homem. Os dons do Espírito Santo, por exemplo, não apagam a responsabilidade humana. Jesus ensinou-nos a esperar tudo como dádiva e a realizar tudo como tarefa.

E na Salvação existe a cooperação entre Deus e o homem?

A condição do Homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e se preparar por sua própria força para a fé e invocação a Deus. Somos salvos pela graça divina. Cristo é o nosso Salvador. Nós não somos os nossos próprios salvadores. Entretanto, há outros pontos que precisam ser cuidadosamente analisados nas Escrituras. Um deles é a anunciação à Maria:

  • "Maria respondeu: Eis a escrava do Senhor; que me seja feito segundo vossa palavra" (Lucas 1:38).

O anjo visitou Maria e lhe anunciou o plano divino que envolvia a sua cooperação. Maria deu o seu consentimento. Sem reservas, ela aceita a missão mais alta, os maiores deveres que podem ser imaginados, como serva do SENHOR.

"Eis a escrava do Senhor; que me seja feito segundo vossa palavra".

A Providência Divina, apesar de onipotente e podendo agir sozinha, coopera com o homem na obra da salvação. Isso é um mistério profundo.

Há várias passagens nas Escrituras que nos mostram que a honrosa graça é oferecida à atividade livre do homem.

  • "Como crerão naquele em quem não ouviram falar? E como ouvirão falar nele se não há quem lhes pregue?" (Romanos 10:14). A fé supõe a pregação. Esta supõe o pregador, e o pregador é livre.

A Bíblia nos ensina que a vida eterna é um dom gratuito e, por outro, que é o fruto da semente que plantamos no Espírito (Rm. 6:23; 8:13; Gl. 6:8). É Deus quem transforma o nosso coração endurecido em um coração obediente (Ez. 11:19; 36:26) e, não obstante, também devemos mudar nosso próprio coração (Ez. 18:31; Tg. 4:8). Deus circuncida nosso coração para o amarmos (Dt. 30:6) e, ainda assim, cada um de nós deve circuncidar o seu coração (Dt. 10:16; Jr. 4:4). Cristo nos torna irrepreensíveis segundo sua eleição (1Co. 1:8; Ef. 1:4), mas exige que nos empenhemos em nos tornar irrepreensíveis (2Pe. 3:14).

  • ...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fl 2:12-13.

Deus é quem efetua "o querer e o realizar" no homem. Mas, não somos meramente passivos nisso, o apóstolo Paulo diz "desenvolvei" (operai, realizai). Existe, portanto, um esforço genuíno por nossa parte na direção de Deus. Em um momento inicial, Deus age em nós, nos atraindo para Si; concomitantemente inicia-se uma reação humana, um ponto de cooperação com a graça divina.

Sem prejuízo da iniciativa divina, existe um conjunto de atitudes humanas tomadas na própria conversão e santificação.

  • "esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef. 4:3),

"...reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude..." (2Pe. 1:5),

"Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso..." (Hb. 4:11).

Deus está no comando de tudo, mas não existe determinismo contra o exercício de nossa vontade em dizer sim ou não, querer ou não querer, porque Deus permite as nossas decisões. Sem essa graciosa dádiva não haveria responsável e nem irresponsável, mérito ou demérito, virtude ou vício, nas atitudes humanas.

As nossas decisões podem confirmar o propósito divino ou nos tirar dos caminhos do SENHOR.

  • No Jardim do Éden, Deus revelou a Sua vontade a Adão e Eva. Entretanto, eles decidiram dar ouvidos à Serpente; ao desobedecerem, saíram da condição original dada por Deus, sofrendo as consequências do pecado.
  • A vontade de Deus era que Israel vivesse em paz e com prosperidade na terra prometida, mas Israel traçou seu próprio caminho contra a vontade do SENHOR e sofreu amargamente.
  • Em 1 Timóteo 2:4 lemos: "...o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Infelizmente, a maioria prefere o seu próprio caminho enganoso e de condenação.

Deus revela a Sua vontade ao ser humano, mas, permissivamente, concede o direito do homem seguir o seu próprio coração.

Entendemos que a construção da história de nossa sociedade tem como fundamentos: a soberana vontade de Deus e a responsabilidade do homem.

  • O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência - Dt 30:19.

Deus nos deu uma vontade. Como faremos uso disso faz diferença eterna.

V - Deus Age Por Atos Responsivos de Nossas Orações

  • Muito pode, por sua eficácia, a súplica de um justo. Tg 5:16.

Deus, sendo soberano e onipotente, resolveu agir mediante as orações do seu povo. Quando oramos, unimos a fraqueza humana à onipotência divina; ligamos o altar da terra ao trono do céu - Rev. Hernandes Dias Lopes.

O profeta Elias era um homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos. Certa vez ele orou com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos (Tg 5:17,18). O Deus de Elias é o nosso Deus. Ele faz maravilhas em resposta à oração do justo.

O texto em Tiago 5:17-18 é apenas uma passagem das Escrituras entre várias que testemunham que Deus age por atos responsivos das orações de Seu povo.

O livro do profeta Isaías, no capítulo 38, fala da oração do rei Ezequias quando estava acometido de uma enfermidade mortal. Aqui há duas partes doutrinárias importantíssimas para o entendimento pleno deste assunto:

  • O SENHOR mandou o profeta Isaías dizer ao rei Ezequias para ele colocar a sua casa em ordem porque morreria em breve.
  • Ao ouvir a sentença de morte, o rei Ezequias voltou o rosto para a parede e suplicou a misericórdia divina, em oração.
  • Diante dessa atitude do rei, Deus revogou a sentença de morte e reordenou ao profeta Isaías que dissesse a Ezequias que a sua oração fora ouvida e que ele teria mais quinze anos de vida.

O que concluímos nesse texto? Que o SENHOR age na vida humana por atos soberanos de Sua vontade e, graciosamente, por atos responsivos de nossas orações.

E quando Deus não responde às orações do Seu povo?

Em muitos casos, não é que Deus não responde às nossas orações, mas sim que não discernimos a forma que Ele responde. Deus é soberano, assim cabe a Ele decidir qual o modo de responder as nossas orações.

VI - Deus Age Por Atos Retributivos de Nossas Ações

Deus é um ser perfeitíssimo, absolutamente justo. A fim de demonstrar a sua santidade Deus age em conformidade com a perfeição de sua própria natureza, no sentido de intervir neste mundo pecador para exercer a sua justiça. Sl 89:14.

A justiça de Deus determina imutavelmente que Ele retribua a cada um, o que merece. Deste modo a Justiça retributiva tem dois aspectos:

  • Abençoador - Deus distribui recompensas (Tg 1:12; 2Tm 4:8).
  • Disciplinador - Deus inflige punição ao transgressor (2 Ts 1:6).
  • O Senhor é tardio em irar-se, e de grande poder, e ao culpado de maneira alguma terá por inocente... Naum 1:3.

Deus age por atos retributivos de nossas ações. Entendemos que os seres humanos foram dotados por Deus de recursos para que sejam capazes de fazer escolhas que realmente afetam a sua vida e o seu destino. Somos devidamente responsabilizados por nossas motivações, desejos, escolhas e ações.

As promessas do SENHOR têm um desdobramento em "promessas condicionais e promessas incondicionais". As bênçãos decorrentes de promessas condicionais dependem de nossas atitudes para que sejam usufruídas por nós; há outras promessas que se cumprem sem nenhuma condição de nossa parte.

  • Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra - Ap 22:12.
  • Jesus prometeu que voltará a esta terra - aqui temos uma promessa incondicional;
  • Jesus prometeu que na sua volta gloriosa recompensará cada um segundo a sua obra - aqui temos uma promessa condicional.

A recompensa divina será de acordo com as obras praticas pelos homens.

A Grande Tribulação

As profecias sobre o fim dos tempos funcionam como placas sinalizadoras para a igreja se despertar e se preparar. A grande tribulação virá, mas Deus não permitirá que a sua Igreja seja aniquilada.

O amor de Cristo pela Igreja não a torna isenta de passar por tribulações. Basta olhar para a vida dos apóstolos e primeiros cristãos que foram perseguidos, torturados e martirizados, entre os quais líderes do porte de Pedro, Paulo, João, Tiago, Estevão, Policarpo e tantos outros. A igreja já enfrentou muitas batalhas aos longos dos séculos, mas, pelo poder do Altíssimo, ela tem ressurgido: vitoriosa, triunfante.

A igreja de Cristo será guardada¹ da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro.

¹Guardada - protegida por Deus (Jo 17:15; I Pe 1:5; Ap 3:10).

O que nem todos discernem é que aprouve a Deus, no conselho de Sua vontade, estabelecer a "responsabilidade humana" como condição de livramento no período tribulacional.

No Evangelho escrito por Lucas, lemos:

  • Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem. ( Lc 21:36).

Duas situações são claramente identificadas neste texto:

  • A grande tribulação foi soberanamente decretada por Deus - Não podemos mudar o que Deus já determinou;
  • Deus estabeleceu uma condição para o homem escapar de todas essas coisas que têm de acontecer. A vigilância e a oração são as condições necessárias para o crente escapar dos males do período tribulacional e estar em pé na presença de Cristo.

Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra.(Apocalipse 3:10)

Deus costuma usar as situações confrontadoras da vida para trazer à luz o pecado de seu povo. Essas disciplinas são didáticas e corretivas.

O nosso justo e gracioso Deus está mais interessado em mudar o coração de seu povo do que em mudar as circunstâncias adversas, por isso é de suma importância conhecer o propósito das provações para fazer acertos pessoais.

As circunstâncias mudam quando mudamos em relação a Deus.

  • E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. 2 Cr 7:14

Se estivermos dispostos a mudar nossas atitudes e buscar a presença de Deus em nossas vidas, certamente seremos recompensados pelo SENHOR com o Seu perdão e com o cessar da provação.

A Lei da Semeadura

A lei da semeadura explicada em Gálatas 6:7-8 exemplifica muito bem o agir de Deus como ato retributivo de nossas ações.

  • "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6.7).

De acordo com essa lei ou regra geral, cada um colhe aquilo que semeou em sua vida. Quem semeia uma vida de pecado colherá destruição, mas quem semeia uma vida dedicada a Deus colherá a vida eterna. Deus retribui a cada um conforme seu procedimento (Romanos 2:6-8).

Cada ação tem suas consequências. Isso é a lei da semeadura. Por exemplo, se você semear trigo em seu quintal, você colherá trigo e não milho. Fazendo uma analogia: Se você plantar mentira, discórdia e maldade, você vai colher castigo. Mas se você semear bondade, amor e honestidade, Deus vai recompensar você.

As consequências de nossas ações nem sempre se sentem logo. Uma planta leva tempo para crescer e frutificar.

A lei da semeadura traz esperança a todos que obedecem a Deus (Gálatas 6:9). Não trabalhamos em vão! Seguir Jesus e viver para ele é investir na eternidade, acumulando tesouros no Céu que ninguém nos pode roubar (Mateus 6:19-20). Além disso, podemos colher muitas bênçãos espirituais ainda nessa vida.

Os limites da lei da semeadura

A lei da semeadura é uma regra geral, mas nem sempre funciona exatamente como achamos. Essa lei não é tão simples quanto pode parecer. Por exemplo:

Fazer o bem nem sempre traz recompensa e fazer o mal nem sempre traz castigo neste mundo. Muitas pessoas sofrem por amor a Cristo e muita gente ruim vive bem por causa de sua maldade.

Quando realizamos uma plantação podemos observar que algumas sementes não germinam e outras produzem menos ou mais do que o normal.

A Bíblia diz que o tempo e o acaso afetam a todos (Eclesiastes 9:11). Isto significa dizer que os seres humanos são tocados e abalados por acontecimentos fora de nosso controle.

Sabemos que o mundo está cheio de injustiças. Mas isso não durará para sempre. Quer seja nessa vida, quer seja no Juízo Final, todos os seres humanos terão de responder por seus atos diante de Deus. A verdadeira colheita será no porvir.

O homem é responsável por seus atos (Ez 18.4) e com certeza vai colher o resultado de sua semeadura.

Conclusão

Certamente este estudo exige aprofundamento e continuidade, todavia precisamos concluir esta parte afirmando que Deus é Soberano e age sobre todas as coisas, como Ele quer, mas nem sempre sua ação é um determinismo. Há vários fatores que Deus utiliza na prossecução de seus desígnios.

O ETERNO costuma agir apresentando uma proposta, uma influência sobre o indivíduo, convencendo-lhe do pecado, da justiça e do juízo. Não existe uma violação do exercício de nossa vontade em dizer sim ou não, querer ou não querer. É da vontade de Deus que o homem corresponda à ação divina. Gn 4:7; Dt 30:19.

Como pode o homem, limitado por uma natureza pecaminosa, corresponder a proposta de salvação em Cristo? É somente através da graça e do poder de Deus que isso é possível. Essa ação é uma iniciativa de Deus e o homem deve responder a essa iniciativa sob a graça operante do Espírito Santo.

Deus tem providenciado salvação para todos em Cristo Jesus, mas a Sua provisão só se torna efetiva para aqueles que, de sua própria e livre vontade, "escolhem" aceitar a graciosa oferta divina: O salvador Jesus Cristo.