Um Jejum Diferente

31/07/2022

Um Jejum Diferente

Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor?

Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixeis livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?. Isaías 58:5-7..


O Jejum na Bíblia

A Bíblia tem apenas uma ordem a respeito de quando jejuar. O povo de Deus foi ordenado, em Levítico 23, a jejuar, no Dia da Expiação, por 24 horas - de um ocaso a outro (Lv 23:27-32). O Dia da Expiação anual ficou conhecido como o dia do jejum (Jr 36.6). Somente após a queda de Jerusalém os dias de jejum foram instituídos (Zc 7:3,5; 8:19).

Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto, e o jejum do quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês será para a casa de Judá gozo, alegria, e festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz. Zacarias 8:19.

O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação. Façam uma reunião sagrada e humilhem-se, e apresentem ao Senhor uma oferta preparada no fogo. Levítico 23:27.

É curioso o fato de não encontrarmos um mandamento genérico sobre o jejum em toda a Bíblia. Não há uma ordenança específica para todos praticarem o jejum, mas as Escrituras estão repletas de citações sobre o jejum.

Agora, porém, declara o Senhor, "voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto."- Joel 2:12.

Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene. Joel 2:15

O Jejum Bíblico é para a saúde espiritual do povo de Deus e ele envolve a abstenção de comida e bebida, com o acréscimo da consagração pessoal em oração, meditação e estudo da Bíblia Sagrada (Êxodo 34:28; Esdras 10:6; Ester 4:16; Atos 9:9).

O que não podemos negar é que, mesmo não sendo um mandamento específico, o jejum fez parte da vida do povo de Deus. Jesus praticou o jejum, e lemos em Atos que os líderes da Igreja também.

Jejum nos Dias do Profeta Isaías

A mera religiosidade com seus rituais não agrada a Deus. Privar o corpo de alimento, mas continuar com atitudes carnais e pecaminosas, é um tipo de "jejum" que não agrada a Deus.

"Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus". Sl 51.17.

Nos dias do profeta Isaías a prática do jejum não estava conjungada com a obediência aos mandamentos de YHWH. Assim, O SENHOR lembrou ao povo que eles deveriam ser justos (Isaías 58:6) e ter as mãos abertas aos necessitados - os famintos (v. 10), os pobres e os nus (v. 7).

O jejum bíblico precisa acontecer pelas razões certas e atitudes certas, para que sejamos abençoados com a sua prática.

Os judeus estavam desconsiderando as necessidades de outras pessoas, explorando seus empregados, discutindo e brigando. (Deuteronômio 24:14-15; Tiago 5:1-6). Israel estava confundindo rituais com comunhão e devoção, sacrifícios externos com a verdadeira obediência. Agindo assim, as orações e os jejuns de Israel não seriam aceitos por Deus porque esse tipo de jejum não era o que o Senhor esperava de Seu povo.

O prazer do SENHOR não está em rituais, o Seu prazer está em que o homem obedeça a Sua palavra.

"Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei" (1Sm 15:22 -23).

"Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao SENHOR do que sacrifício" (Pv 21:3);

"Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt 9:13).

"Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos" (Os 6:6).

O jejum deveria ser uma forma de encorajar Israel a responder positivamente aos mandamentos de Deus e certamente o SENHOR está mais interessado em nossa obediência do que em nossos rituais.

Jejum do Fariseu

Certa vez Jesus contou uma parábola em que um fariseu orgulhoso ostentava diante de Deus: "Jejuo duas vezes por semana" (Lucas 18:9, 12). Aquele fariseu imaginava que era um homem justo e tinha orgulho disso! Mas, o jejum com uma atitude tão vaidosa é inútil, não vale absolutamente nada.

A passagem bíblica narrada pelo profeta Isaías contrasta as atitudes certas e as erradas quanto ao jejum. Nela se mostra claramente que o jejum não deve ser um mero ritual. O ato de se abster de alimentos deveria estar associado à correta motivação do jejum. O povo de Deus deveria estar disposto a ajudar e servir aos outros. Perguntamos:

E nós? O quanto estamos dispostos a nos sacrificar e "desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos... partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?" (versículos 6-7, NVI).

Se o povo tivesse retidão interna, revelada em atos externos de justiça e misericórdia (vv. 6-7), então o SENHOR os abençoaria (Dt 28:1-14) com luz (revelação/entendimento/bênção), cura (restauração espiritual), justiça (padrões elevados), proteção contra problemas e oração respondida (vv. 8-9a). Se eles fizessem isso, o Senhor os abençoaria. Cremos que esse princípio continua valendo para os nossos dias.

Conclusão

Que não deixemos de praticar a disciplina do jejum, mas façamos isso pelas razões certas.

Que sejamos capazes de nos "abster" de certas regalias, bens e conforto, em prol daqueles que estão famintos e necessitados ao nosso redor;

Que saibamos discernir cada momento sob a iluminação do Espírito Santo.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!