Da Reforma Protestante aos Nossos Dias

02/11/2020

No início do Século XVI a autoridade da igreja de Roma impunha-se além do campo religioso, alcançando a esfera política. A Igreja de Roma era, naquele tempo, a maior autoridade da Europa Ocidental e detinha um imenso poder, uma vez que era dona de terras e riquezas gigantescas. Sendo assim, a Igreja possuía o monopólio da vida religiosa e secular.

Martinho Lutero, foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que se tornou uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Levantou-se veementemente contra diversas práticas e dogmas do catolicismo romano, contestando, sobretudo, a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências.¹

¹ - Indulgências - O Catecismo da Igreja (CIC) afirma que: "Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados" (CIC, §1498).

Martinho Lutero:

1. Inconformado com o caos moral que assolava a igreja institucionalizada;

2. Indignado com a gritante degradação teológica e completa falência espiritual do clero;

3. Profundamente triste com a ortodoxia e a ortopraxia de uma igreja desviada da Bíblia;

4. Revoltado com as indulgências que prometiam favores divinos e perdão absoluto, sustentando uma crença enganadora em uma falsa proteção, mantendo os devotos em densas trevas espirituais, enquanto a elite clerical regalava-se de ouro e poder... Lutero resistiu!

Práticas não condizentes com as Sagradas Escrituras como a venda de indulgências, de cargos eclesiásticos e a inadequação do alto clero que se comportava de maneira mundana e luxuosa abalaram a crença de muitos fiéis na igreja de Roma.

O monge agostiniano resistiu, confrontou e denunciou a hipocrisia de um sistema religioso que aparentava humildade e devoção, quando, na verdade, vivia regaladamente no luxo e na ostentação diante de uma maioria de fiéis em lastimável estado de pobreza e miséria.

Martinho Lutero sabia dos riscos, mas foi tremendamente corajoso ao manifestar publicamente o seu pleno repúdio à deplorável condição religiosa dominante na Europa, anunciando a urgência de uma Reforma na Igreja. Martinho Lutero provocou mudanças profundas ao denunciar essa situação no século XVI.

Em 31/10/1517 Lutero afixou na porta da Capela de Winttenberg (Alemanha) suas 95 teses teológicas, refutando o sistema religioso vigente, deixando, entre outras marcas inconfundíveis, cinco "solas" necessárias à restauração da igreja: Sola Gratia, Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Fide, Soli Deo Glória.

Lutero foi excomungado pelo poder papal, perseguido e discriminado pela elite clerical dominante, mas prevaleceu na fé com a Reforma Protestante, impedindo a completa ruína da igreja institucionalizada, redirecionando os verdadeiros discípulos de Cristo à Palavra de Deus.

Da Reforma Protestante aos Nossos Dias

Os anos se passaram e, lamentavelmente, a "igreja reformada" não teve a devida determinação e o zelo em prosseguir em contínua reforma, perdendo ao longo dos anos quase tudo que fora conquistado nos dias de Lutero.

Hoje, 31/10/2020, quinhentos e três anos depois das 95 teses de Lutero, vivemos dias difíceis, caracterizados pela escassez da genuína fé, pelo desvio da doutrina apostólica e pela estreita relação dos cristãos ocidentais com o mundo, assemelhando-se ao contexto da Igreja de Laodicéia, narrado em Apocalipse: uma igreja sem estado definido, amoldada ao meio, com Cristo do lado de fora e que diz insensatamente: "...rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" - (Ap 3:17).

Vivemos tempos difíceis, em um mundo tenebroso, às portas de uma nova ordem mundial, onde os líderes de grandes ministérios silenciaram a mensagem profética, deixando a igreja pós-moderna seguir de forma autônoma, humanista e materialista, desviando-se da verdade, absorvendo heresias, envolvendo-se com escândalos morais e seduções do poder deste século.

Um grande número de denominações evangélicas, notadamente no círculo neopentecostal, tem abraçado práticas e doutrinas incompatíveis com o Evangelho do Reino de Deus, diferenciando-se ao extremo das práticas apostólicas e dos cristãos dos primeiros séculos.

Não podemos negar que nesse meio confuso e deformado há pessoas sérias e pequenos grupos comprometidos com o Reino de Deus, mas a visão do todo é uma imagem distorcida do Cristianismo apresentado no Novo Testamento. Esse modelo gospel que prolifera em nossos dias não tem identidade espiritual clara, abraça a diversidade cultural, o humanismo e algumas práticas antibíblicas. Como consequência os templos enormes estão superlotados de pessoas vazias de Deus.

Gradativamente a espiritualidade é substituída por uma mera religiosidade, que fala de Deus a todo instante, mas que está vazia Dele. Um sistema religioso desviado da verdade, que sobrevive de forma humanista e materialista, gerando devotos espiritualmente deformados, por viverem fora dos padrões absolutos da Palavra de Deus.

Crentes nominais que não têm vida no Espírito, que não estão sob o Senhorio de Jesus Cristo, que seguem os seus próprios pensamentos de forma independente, perdendo dia a dia a identidade de verdadeiros discípulos de Cristo.

Entendo perfeitamente a tristeza dos verdadeiros cristãos que lutam pela preservação da fé e pela fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo nestes dias caóticos. A triste realidade, porém, é que deixamos o fermento levedar demasiadamente; ficamos calados e apáticos por muito tempo, contemplando como meros espectadores esse grotesco desvio da igreja institucionalizada.

A Reforma Protestante aconteceu, despertou e marcou a história da igreja, mas seus efeitos foram diluídos na travessia dos séculos. Não podemos viver somente de boas recordações, algo precisa ser feito e rápido. O que fazer?

Onde estão os homens corajosos? Onde estão os valentes da fé?

Muitos cristãos só observam os fatos e nada fazem. Entre esses há um grupo que professa demasiadamente o determinismo escatológico, o anúncio profético de uma inevitável apostasia nos últimos dias. Os que estão presos a esse fatalismo tornam-se indiferentes e acomodados com os fatos. Pecam por omissão. Não podemos consolidar essa trágica realidade com silêncio e omissão, enquanto as trevas avançam e os comandos do inferno direcionam a humanidade.

Apesar do enorme atraso, algo precisa ser feito por aqueles que estão comprometidos com a preservação da fé em Jesus Cristo. Continuo crendo que as "portas do inferno não prevalecerão contra a verdadeira igreja de Jesus" - Mt 16:18. Diante disso, convido você a levantar-se como fez Lutero em sua geração, expressando compromisso, motivação e autoridade para despertar os santos remanescentes a uma Resistência Espiritual, uma verdadeira "Revolução da Fé", redirecionando e encorajando os fiéis à Palavra de Deus, ao Senhorio de Jesus Cristo e à vida no Espírito.

  • Creio que chegou o momento de cada discípulo resistir qualquer sistema desviado das Escrituras, do senhorio de Jesus Cristo e da vida no Espírito Santo.
  • Creio que chegou o momento de cada discípulo assumir a sua posição estratégica na gloriosa Missão de pregar o Evangelho a toda criatura, sendo sal e luz neste mundo tenebroso.

2 Tm 1: 7 - Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.

Os dias difíceis colaboram para um viver na retaguarda, no isolamento, no silêncio e na servidão. Por opressão, medo ou outro motivo deixamos no plano secundário o nosso chamado ministerial e pouco fazemos em prol de nossa missão no Reino de Deus. Somos mais "torcida do que time", somos mais um na multidão, em vez brilharmos como luzeiros no mundo, apagamos as nossas lâmpadas; em vez de resistirmos o avanço do mal na sociedade, recuamos; em vez de profetizarmos, silenciamos...

Novos Líderes Para Uma Nova Realidade

Onde estão os homens corajosos? Onde estão os valentes da fé?

Precisamos de homens como Lutero, John Wycliffe, John Huss, Savonarola e tantos outros bravos da fé. Sim, o mundo está cheio de espectadores e carentes de guerreiros conquistadores, homens e mulheres de Deus que possam desempenhar uma ação relevante nesta geração, expandindo o Reino de Deus nesta terra.

Saiba que não basta sonhar. Tomar a decisão de ser o protagonista de um momento histórico é um ato que exige dedicação, que ultrapassa o comum e que supera o ordinário.

Se o seu desejo é ser um conquistador e não um colonizador; se você pretende influenciar e não ser influenciado, ser protagonista e não espectador deste momento histórico, saiba que isso tem um preço. Faça uma análise pessoal para definir o que você quer como seguidor de Jesus Cristo e até onde você está disposto a pagar o preço por isso.

Convido você que faz parte de um grupo de discípulos, seja esse grupo grande ou pequeno, tradicional ou pentecostal, mas que é integrante e participante da universal, una, santa e apostólica Igreja do Senhor Jesus nesta terra a fazer parte dessa "Revolução da Fé", assumindo o compromisso de ser um cristão em contínua reforma até o dia glorioso da volta de nosso SENHOR, quando, por sua extraordinária graça, seremos definitivamente revestidos de incorruptibilidade e de imortalidade. (I Co 15:53; Cl 3:4).

"Saia da Plateia, entre em cena", faça mais e faça melhor para Deus, hoje e sempre".

Convido você a ser um cristão em contínua reforma, empenhando profundos esforços a um Redirecionamento pessoal:

  • à Palavra de Deus;
  • ao Senhorio de Jesus Cristo;
  • à vida no Espírito Santo.

-Que a igreja tenha plena consciência que vivemos o tempo do fim e, como tal, possa trabalhar incansavelmente enquanto é dia, vivendo em santidade e fé até o dia glorioso do encontro com o Rei Jesus.

-Que Deus nos conceda graça para assim crermos, orarmos e agirmos. Amém!

Não esqueçamos que faz parte da Revolução da Fé, a continuidade da igreja em oração, perseverando em súplicas, além de ter o preparo devido para saber desmontar, em nível doutrinário, as manobras dos inimigos da fé, denunciar seus sofismas e artifícios e torná-los cada vez mais desprestigiados junto à opinião pública.

Queremos, sim, uma igreja saudável, fiel, envolvida no Reino, submissa ao SENHOR e resistente ao diabo, trabalhando dia e noite na pregação do Evangelho e na expansão do Reino de Deus nesta terra; queremos também um Brasil livre, cristão, anticomunista, que realize no mundo os planos de Deus para esta geração.

Que o SENHOR nos conceda graça para essa missão!