Inconformados

11/05/2020

Introdução - Rm 12:2

Nossa civilização está morrendo. O mundo está agonizando. Nós estamos à beira de uma mudança sem precedentes, uma transformação cataclísmica na estrutura da nossa civilização. Estamos vivendo o fim de uma era, tanto cristã quanto secular. É extremamente importante que enxerguemos isso.

A civilização está agonizando. Estamos mergulhados numa espécie de Roma Antiga onde todos vivem em função de pão e de circo. Não somos mais regidos por ideais humanitários, mas por interesses pessoas mesquinhos; não somos mais regidos por valores, mas por aquilo que nos serve e nos dar prazer.  

E a igreja? Como está a igreja neste cenário?

A igreja, em parte é vítima, em parte, parceira dessa calamidade. É vítima por causa de sua ignorância da Palavra de Deus. Há uma desorientação profunda, por isso a igreja é facilmente seduzida e enganada.

Não podemos deixar de afirmar que a igreja, como organização, perdeu muito de seus atributos e de sua essência, tomando gradativamente a forma do mundo. Em vez de agir como sal e luz ao longo dos anos, a comunidade dos discípulos sente-se motivada pelas mesmas paixões que motivam a sociedade carnal. Em vez de influenciar, a Igreja está sendo influenciada por uma sociedade vazia que corre atrás do vento.

Muitos modelos de comparação e de importância estão no mundo. Pouco a pouco a mentalidade do povo de Deus está sendo absorvida desta geração. Vivemos numa época onde a igreja perdeu a direção e desesperadamente necessitada de redirecionamento; ela precisa voltar ao centro da vontade de Deus.

Nos púlpitos quase não se fala mais no porvir, no Céu e na eternidade. Estamos sendo reduzidos ao temporal, iludidos e amarados a este mundo perecível. Fizemos dos interesses do mundo os nossos interesses e, sem percebermos, nos tornamos amigos do mundo e inimigos de Deus.


As maiores Ameaças Sociais

Tudo faz parte de um processo. Nada é da noite para o dia. A igreja foi enfraquecendo e diante da cultura e das tendências pós-modernas, em vez de denunciá-las e refutá-las, a igreja se amoldou lentamente à mentalidade e aos padrões desta geração.

Quais as tendências pós-modernas que mais ameaçam a vida cristã? São inúmeras, mas nesta mensagem vamos tratar apenas de quatro.

1-O pluralismo afirma que todo "ismo" tem seu valor e merece nosso respeito.

Em nome da tolerância outros cristos e outros salvadores são apresentados. A verdade torna-se plural e não única.

Não podemos concordar com isso. Ninguém mais tem as qualificações de Jesus. Assim, podemos falar sobre Alexandre, o grande, sobre Napoleão, o grande, mas não Jesus, o grande. Ele não é o grande - ele é o Único. Não existe ninguém como ele. Ele não tem rival nem sucessor.

Devemos continuar afirmando a singularidade e perfeição de Jesus Cristo.

Jesus é singular em sua encarnação (o único Deus homem); singular em sua expiação (somente ele morreu pelos pecados do mundo); e singular em sua ressurreição (somente ele venceu a morte).

E sendo que em nenhuma outra pessoa, a não ser em Jesus de Nazaré, Deus se tornou humano (em seu nascimento), carregou os nossos pecados (em sua morte), e triunfou sobre a morte (em sua ressurreição).

2-O materialismo. A segunda tendência pós-moderna que ameaça a vida cristã é a preocupação excessiva com coisas materiais, que podem abafar a nossa vida espiritual. Jesus nos diz para não armazenar tesouros na terra e nos adverte contra a avareza. O mesmo faz o apóstolo Paulo, nos impelindo a desenvolver um estilo de vida de simplicidade, generosidade e contentamento, extraindo tal padrão de sua própria experiência de ter aprendido a estar contente em quaisquer circunstância (Jó 1:21; 1 Tm 6:6; Fp 4.11).

Precisamos lembrar de que a vida na terra é uma breve peregrinação entre dois momentos que o ser humano apresenta-se de mãos vazias: no nascimento e na morte. Assim, seríamos sábios se a nossa travessia debaixo do Sol fosse com pouca carga.

3-Relativismo ético - Outra tendência pós-moderna que ameaça a vida cristã é o relativismo ético. Todos os padrões morais que existiam estão se desfazendo e o que era errado ontem torna-se certo hoje. Tudo é relativo e no final depende somente de leis que estão institucionalizando o pecado.

Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo! Is 5:20

Confessar Jesus como Senhor, mas não obedecer a ele, é como construir a vida sobre a areia.

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama" - (Jo 14.21).

4-Narcisismo - A quarta tendência pós-moderna que ameaça a vida cristã é o "narcisismo" - um amor próprio excessivo, uma admiração desmedida por si mesmo. O amor próprio é um dos sinais dos últimos tempos (2Tm 3.2). E esse amor próprio exagerado leva ao desamor a Deus e ao próximo.

Jesus nos ensinou que o discípulo radical deve amar a Deus de todo o coração e ao nosso próximo como a nós mesmos. Mc 12:30-31

ATITUDES DO DISCÍPULO RADICAL

Diante dessas tendências que ameaçam a vida cristã, que atitudes o discípulo de Jesus Cristo deve manifestar?

Inconformismo

A atitude fundamental que desejo considerar é o "inconformismo" do crente com o mundo, a mentalidade e a cultura do mundo. Deixe-me explicar.

A igreja está no mundo e aqui tem uma dupla responsabilidade nos desdobramentos de sua missão. (1) Por um lado, devemos viver, servir e testemunhar a todos a nossa fé e apresentar a todos o único salvador Jesus Cristo. (2) Por outro lado, precisamos ter o devido cuidado para não sermos influenciados e nem dominados com a mentalidade e a cultura do mundo.

Lv 18.3-4 -Ez 11.12 - Mt 6.8 - Rm 12.2..

1- O crente vive no mundo, não foge de sua missão no mundo - o crente tem uma missão a cumprir. É uma fiel testemunha de Jesus Cristo e se apresenta como Sal e Luz nesta terra;

2-O crente vive no mundo, mas não toma a forma do mundo - Não absorve a cultura do mundo, não é influenciado e nem dominado pelo sistema de coisas deste mundo.

Não podemos seguir a multidão. A voz da multidão unida é muito forte, mas jamais poderá ser superior à Palavra de Deus.

Está lançado o chamado para expressarmos um inconformismo radical à cultura dominante no mundo. Está lançado o convite para desenvolvermos uma contracultura cristã, poderosa e transformadora.

Somos sal e não parte apodrecida; somos luz e não escuridão.

Deus está convocando um povo para si. Somos desafiados a ser um povo separado. "Sejam santos, porque eu sou santo" (Lv 11.45; 1Pe 1.15-16).

Como podemos fazer isso?

Os discípulos de Cristo não podem ser como folhas secas agitadas pelo vento da opinião pública. Não! Os crentes devem ser inabaláveis como rochas dentro de um rio. Em outras ocasiões devem aprender a nadar contra a correnteza, contra a tendência do mundo. Peixes mortos flutuam na corrente do rio (somente peixes mortos seguem a correnteza).

Diante das tendências mundanas que ameaçam subjugar a fé cristã (pluralismo, materialismo, relativismo e narcisismo), somos chamados a um inconformismo radical.

  • Diante do desafio do pluralismo, devemos ser uma comunidade que tem uma mesma linguagem e que prega a verdade: Só Jesus Cristo Salva!
  • Diante do desafio do materialismo, devemos ser uma comunidade de simplicidade e de contentamento, considerando que somos peregrinos aqui.
  • Diante do desafio do relativismo, devemos ser uma comunidade de obediência a Deus.
  • Diante do desafio do narcisismo, devemos ser uma comunidade de amor fraternal, de amor ao próximo.

Os discípulos de Jesus Cristo devem esforçar-se para serem mais parecidos com o Filho do Deus Altíssimo: "conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8.29).

Se falharmos em nossa missão o mundo ficará cada vez mais podre e tenebroso... e as consequências serão ruins para todos.

Sejamos fiéis, sal e luz, o tempo todo, em toda parte.

E que Deus nos abençoe rica e abundantemente!